O tratamento do câncer é bastante agressivo e pode ter efeitos colaterais em diversas partes do organismo, inclusive, na saúde bucal.
Isso porque os procedimentos oncológicos muitas vezes causam a diminuição dos glóbulos brancos, que são responsáveis pelo controle de infecções virais, fúngicas e bacterianas.
Em vista disso, os profissionais recomendam o acompanhamento odontológico, antes e durante esse tipo de terapia, para a eliminação de doenças preexistentes e o controle dos efeitos que os medicamentos podem causar na cavidade bucal.
Contudo, antes de compreender quais são os impactos produzidos nos dentes, precisamos entender o que exatamente são esses tratamentos.
O que é a radioterapia e a quimioterapia?
A radioterapia e a quimioterapia são técnicas utilizadas para combater as células que possuem um crescimento desordenado e que formam tumores malignos, capazes de acometer diversos tecidos e órgãos do corpo.
Os procedimentos são escolhidos de acordo com a severidade de cada caso, o estágio de avanço, o espalhamento da doença e até a localização em que o tumor se encontra.
Em casos em que a metástase (espalhamento do câncer) ainda não ocorreu, a radiação é aplicada diretamente nas células cancerígenas.
Esse método é menos invasivo e causa efeitos colaterais mais moderados, pois o tratamento não afeta as células saudáveis ou os tecidos do entorno.
Já nos pacientes em que o tumor tenha se espalhado ou que a localização não permita a abordagem por meio da radioterapia, é realizada a administração de medicamentos via endovenosa que causam a destruição das células e o impedimento da disseminação da doença.
A quimioterapia percorre todo o organismo através do sistema circulatório, por isso os tecidos saudáveis e todos os órgãos também são afetados no processo. Isso faz com que os efeitos colaterais sejam ainda mais evidentes, como:
- Queda de cabelo;
- Enjoo e náusea;
- Anemia;
- Cansaço;
- Infertilidade.
Mas além desses sinais, o tratamento oncológico pode afligir a boca e impactar na saúde dos dentes.
Como esses tratamentos afetam a saúde bucal
Como dito anteriormente, os métodos de combate ao câncer podem comumente causar a imunodepressão. Assim, o corpo passa a ter menos recursos para combater as infecções e inflamações bacterianas.
Por esse motivo, os dentistas precisam remover o foco de cáries e de patologias gengivais antes do início do tratamento, uma vez que essas doenças podem facilmente se transformar em periodontais sérias.
Além disso, o acompanhamento odontológico é muito importante durante esse período, pois a combinação dos medicamentos utilizados podem causar danos à integridade dos dentes e em todos os tecidos da boca.
Mucosite
Essa é uma inflamação que ocorre em toda a parte interna da boca e garganta, fazendo com que apareçam úlceras e feridas aftosas bastante dolorosas na região afetada.
Ela acontece especialmente devido às substâncias utilizadas na quimioterapia, como os inibidores de EGFR, que são tóxicas e impedem a multiplicação celular, inclusive na boca.
O dentista pode tratar a mucosite por meio do uso de lasers de baixa intensidade que diminuem a inflamação e curam o tecido machucado.
Xerostomia
A sensação de boca seca é bastante recorrente nos pacientes oncológicos, principalmente devido ao uso dos medicamentos indicados para a dor e os antidepressivos.
Isso ocorre porque esses remédios podem alterar a produção salivar, diminuindo ou impedindo-a por completo.
A saliva é extremamente importante para a deglutição, mastigação dos alimentos, para auxiliar na fala e ainda serve como proteção dos dentes e dos tecidos moles, contra a ação das bactérias. Desta forma, a falta de lubrificação da mucosa aumenta os riscos de mucosites.
Neste caso, o dentista pode recomendar o uso de lubrificantes bucais que ajudam a repor essa umidade que é perdida durante o tratamento.
Cárie de radiação
O uso da radioterapia na região da cabeça e pescoço causa danos severos na saúde dos dentes, dando origem à cárie de radiação.
Ela normalmente se desenvolve entre os dentes e a gengiva, de três ou quatro meses após o início do tratamento radiológico. Essa cárie é mais agressiva e pode destruir o dente em até dois anos.
Neste caso, o melhor tratamento é a prevenção. Por isso, o paciente será recomendado a realizar uma higiene ainda mais reforçada, a se atentar à ingestão de açúcares e a aplicar o flúor e produtos remineralizadores com frequência, o que pode demandar o acompanhamento mais frequente.
Efeitos colaterais nos tratamentos odontológicos
Esses tratamentos têm efeitos, inclusive nos procedimentos odontológicos como o implante dentário.
Os pacientes que precisam realizar esse tipo de intervenção têm algumas restrições caso tenham realizado radioterapia na região da cabeça e pescoço.
Isso porque a radiação pode causar uma osteorradionecrose, que é o desgaste dos ossos mandibulares. Além disso, o uso de bisfosfonatos – remédio recomendado para combater a perda óssea –, também pode causar a necrose dos tecidos.
Enquanto isso, os pacientes que utilizam aparelhos ortodônticos, como o aparelho invisivel, devem ter o uso dos acessórios suspensos por até dois anos após a remissão.
Afinal, o tratamento oncológico pode causar sangramentos e infecções gengivais, além de facilitar o aparecimento de cáries de radiação.
As infecções gengivais também devem ser combatidas a todo custo, por isso o dentista pode indicar o uso de pomadas ou medicamentos orais para o devido cuidado.
Devido a agressão que pode ocorrer na dentição, a realização de procedimentos estéticos pode ocorrer, mas é preciso se atentar aos cuidados devidos.
No caso da realização do clareamento dental, por exemplo, o mais indicado é que ele só ocorra após dois anos da remissão do câncer.
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